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Mostrando postagens de 2010

Do fundo do Baú Parte 1

Remexendo em papéis empoeirados e um pouco esquecidos, encontrei um dos muitos textos escritos há alguns anos, por uma Contadora de Histórias iniciante. Mas, na verdade, todos os contadores de histórias não estão sempre começando? Ou, recomeçando? Acreditar Não acredito em amores passageiros, amores contidos, amores limitados. O amor, quando é amor, é eterno mesmo que se acabe, não conhece limites, tão pouco contenções. Transborda, inunda, incendeia. Não acredito em amores superficiais, amores racionais, amores convenientes. O amor é profundo, cria raízes, penetra, transforma, constrói. Acredito em amores luminosos, revolucionários, predestinados. Acredito em amores apaixonados, de paixões avassaladoras, calmaria depois de tempestade, oásis em um deserto. Acredito em amores livres, leves, felizes, amores que deixam marcas, não cicatrizes. Acredito em amores fortes, que protegem, acompanham, compreendem. Acredito na capacidade do amor em modificar, em se estender, em simplificar. Acredi

Diferente

Quem te disse que não é bom ser diferente? Quem te disse que as fórmulas prontas são sempre as certas e não têm contra-indicação? Era uma vez uma menina que nasceu pequena e frágil, só na aparência, diferente desde o começo: Na barriga de sua mãe ficava bem quietinha, tanto, que demorou a ser descoberta. Achavam que seria um menino, por isso, nasceu vestida de azul. Surpreendeu desde aí. E cresceu diferente, uma adulta em corpo de criança com a pergunta "Por que?" sempre nos lábios. Já crescida voltou alguns anos no tempo e recuperou parte da infância perdida, deixada em algum lugar feio do passado, onde estavam muitos gritos e muitas lágrimas. Cresceu mais um pouco e, ao contrário da maioria, continuava diferente, bem diferente. Sorria para as pessoas na rua, dava conselhos sem ser chamada e falava o que lhe vinha à cabeça e o que o coração mandava. E em uma tarde dessas pela vida, contando histórias que nem gostava tanto assim, de homens que correm atrás de bola e de menin

Caminhos

Se pudesse voltar no tempo, cada passo dado, até mesmo aqueles que fizeram meus pés sangrarem e meus olhos derramarem lágrimas na escuridão e no silêncio, mesmo assim, seguiria em frente. Se tivesse o dom de refazer minhas decisões, de tentar novamente, de fazer diferente, mesmo assim, faria o mesmo, outra vez. Se pudesse evitar a mágoa e a incerteza que por vezes se apossaram de meu coração, as aceitaria novamente. Viveria tudo de novo, cada vírgula, cada choro, cada riso. Meu passado por vezes me condena, mas, não me define. Não arriscaria fazer diferente e viver algo que não fosse o que vivo hoje, onde cada lágrima teve sua razão e me ajudou a ser quem sou, a ver o mundo da forma como o vejo agora, a amar do jeito que hoje consigo. Vivo o hoje, agora, sem medo do futuro porque ele não existe realmente. É uma nuvem, um sonho, uma projeção que pode ou não se realizar. Por esse motivo andaria novamente pelo caminho que andei, mesmo com as pedras e os tropeços, pois, ao final, o que val

Logo alí na frente...

Ás vezes você quer muito uma coisa e essa coisa não chega nunca. Então você pede, grita e chora; esperneia como criança que quer um brinquedo e não ganha dos pais. Ou então faz como a maioria dos adultos e desanima... Sem saber que, na verdade, o que você tanto quer te espera logo alí na frente... E esse logo alí pode ser um dia, uma semana ou um mês. Pode ser também um tempo a mais, como um ou dois anos. E o que a gente faz enquanto espera? Muita gente se sente injustiçada e só olha para o que o seu próximo tem com inveja e rancor; outros, perguntam porque ainda não conseguiram... Cada pergunta feita por cada pessoa tem uma resposta diferente, porque ninguém é igual a ninguém e as regras, apesar de serem as mesmas, são aplicadas de forma diferenciada. Não dá para viver uma vida esperando "aquele" momento mágico, "aquela" pessoa especial, "aquele" emprego perfeito. Ao invés disso, é muito melhor, e mais produtivo, aproveitar cada dia e tentar, sempre, alc

É tempo de aprender

De todas as coisas preciosas que podemos pedir, existe uma que sobrepõe-se a todas as outras: tempo. Tempo para rir de algo engraçado ou para esvaziar o coração através das lágrimas; tempo para dormir até tarde em uma manhã de domingo em que a chuva cai e faz barulho nas janelas, trazendo o inverno mais pra perto. Tempo para aproveitar um dia de sol antes dele se pôr. Tempo para um beijo a mais, só mais um. Tempo para olhar o rosto daqueles que amamos e torcer, como nunca, para que todos tenham mais tempo e estejam aqui quando acordarmos. Tempo para experimentar mais sabores de sorvete, mais comidas estranhas, mais bebidas elaboradas ou para comer, de novo, nosso sanduíche favorito. Tempo para conhecer outros lugares, outras pessoas, outras vidas e fazer parte delas. Tempo para deixar uma vida triste para trás e começar outra, novinha em folha. Tempo para os amigos. Tempo para o amor. Tempo para se desculpar com todos aqueles que magoamos e, quem sabe, ouvir um pedido de desculpas de q

Perguntas e Respostas

Era uma vez uma menina que não entendia muito bem o mundo à sua volta. Quando pequena, já pensava com cabeça de gente grande e não conseguia compreender muito bem porque as pessoas às vezes eram más, ou pareciam más; ela também não entendia porque palavras duras e grosseiras eram consideradas brincadeiras. Cresceu vendo coisas que crianças normais não viam, ou pelo menos não deveriam ver; ouvia coisas que ninguém deveria ouvir, mas, apesar de tudo, em sua mente haviam vozes mais fortes... Essas vozes lhe falavam de lugares que conheceria, amigos que encontraria e vidas que passariam a fazer parte da sua. A menina cresceu e continuou sem entender o mundo à sua volta, mas, como era curiosa, ficava cada vez mais atenta, sabia cada dia mais coisas e já não chorava quando ficava triste. Preenchia seu coração com palavras de outras pessoas e as vozes em sua cabeça lhe contavam de mundos mágicos, amores eternos e aventuras inimagináveis... Quando se apaixonou pela primeira vez, de verdade, nã

Palavras e Livros sagrados

Falei muito antes de andar... sem ter um ano completo já dizia muitas palavras, perguntava o porquê de tudo o que via e que me cercava. Com cinco anos já sabia ler, com dificuldade é verdade, mas formava palavras, adorava o cheiro dos livros, o cheiro de cadernos novos, o cheiro de canetas. Meu mundo foi povoado de cheiros e palavras, escrita e livros. Muitas vezes, quando as coisas não saiam bem a meu gosto refugiava-me em outros mundos, mergulhava em Monteiro Lobato, Marcos Rey, Machado de Assis, José de Alencar... Tinha pouco mais de doze anos e mais de cem livros no currículo... Parei de contar aos quinze, quando passei de duzentos e cinquenta... Na adolescência dividia meu tempo entre as paixões arrebatadoras e eternas dos romances e as minhas próprias, algumas vezes tão dramáticas (na época pareciam...) como as que eu lia. Escrevi poemas, centenas deles, alguns por escrever, outros com endereço certo; cartas para pessoas que nunca leram, sentimentos debruçados no papel em diário

Apenas alguém normal

Eles se conheceram em uma noite normal, de um mês normal, chamado por alguns de "mês do desgosto"... Quando ela o viu não enxergou nada além de um rapaz normal, como tantos que já haviam cruzado sua vida... Não reparou nos olhos verdes e curiosos por detrás dos óculos, nem no formato quadrangular do queixo que demonstrava um orgulho despretensioso, de quem encara a vida com seriedade e trabalho. Não reparou também que os cabelos mal cortados por obra de algum barbeiro inábel escondiam a testa lisa de um homem jovem, mas que já marcava algumas linhas de expressão, próprias de quem pensa muito e realiza muito... Ela não viu nada além do que seus olhos que nada procuravam podiam ver... Na verdade, seus olhos já não queriam se encantar com nada mais que não fosse motivo para um bom texto ou uma boa recordação. Mas o acaso resolveu juntá-los em uma noite qualquer, de um ano qualquer... Ele, por sua vez, se apaixonou mesmo sem vê-la pela primeira vez, apenas pelo timbre alto de sua