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Mostrando postagens de outubro, 2008

As três Marias

Uma era feita de neve, a pele branca, quase translúcida. Os olhos claros, azuis como o céu sem nuvens, escondidos atrás da armação do óculos de aros transparentes, os cabelos lisos e castanhos caíam pelos ombros sem dificuldade. Era magra e um pouco mais alta do que a maioria das de sua idade. Era quieta. Tão quieta que sua respiração, quando ouvida, chamava a atenção por ser um dos únicos sons que ela costumeiramente emitia. Sua voz era baixa e tímida, voz que a boca rosada e os lábios finos emolduravam. Quando estava sozinha pensava em coisas doces. Fazia doces. Mas quando se irritava (isso seria descoberto mais tarde), sua calma se transformava em um frenesi de palavras desconexas, difíceis de entender. Quase insanas. A pele alva ficava vermelha e os olhos claros se mexiam com rapidez, parecendo que sairiam das órbitas. Tinha cheiro de casa, simplicidade e aconchego.Era a primeira. A outra era feita da tarde, aquela hora em que o céu começa a escurecer, a cor do jambo quando está ma

A contadora de histórias

Durante muito tempo andei por aí, vendo, ouvindo e falando. Sempre. Muito. Desde sempre soube qual seria o meu destino. Não me preocupei se me traria fama, glamour ou reconhecimento. Meu destino sempre esteve ali e isso me bastava. Ele sempre me aguardou para quando eu estivesse pronta, com todas as perguntas na ponta da língua, com mais e mais perguntas por todo o meu ser. Ele sempre esteve ali. Claro, límpido, sem demora ou tropeços. Nunca é fácil seguir o destino. Muitas vezes ele escorrega por nossos dedos e nos faz duvidar, questionar, fraquejar... Ele só quer saber se o queremos, de toda forma. Porque pode ser que o reneguemos e aí, ele vai continuar esperando, talvez para sempre... Meu destino não é tão difícil assim. Consiste em algumas coisas simples: Parar. Escutar. Escrever. Sou uma contadora de histórias.