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Mostrando postagens de 2009

Recomeçar

Todo final traz em si também um recomeço... Finais podem ser dolorosos, tristes, arrasadores, mas também podem ser revigorantes, esperados, esperançosos. Fechar um ciclo é necessário para que as energias se renovem, se reestruturem e para que o novo possa entrar em nossas vidas. Muitas pessoas tem medo do amanhã e, no caso de hoje, último dia do ano, podem ter medo dos próximos 365 amanhãs... Ter medo faz parte da natureza humana, mas, como uma boa Contadora de Histórias aprendi que ele pode ser facilmente substituído por outro sentimento: a confiança. Confiança em dias melhores, em amanhãs felizes, em amores verdadeiros, em felicidades duradouras, em vitórias conquistadas e eternizadas... Confiar em nós mesmos e em uma energia superior que alguns, assim como eu, chamam de Deus. Em questão de minutos sairemos de um ano para entrar em outro, para alguns 2009 pode ter sido um ano difícil, para outros, um bom ano. Nos últimos 365 vi e contei, todos os dias, as mais variadas histórias: de

Maçã do amor

Como todas as pessoas uma Contadora de Histórias também tem seus dias de tristeza, mas ela sabe que eles passarão e que se transformarão em histórias de sua própria vida, caminhos já conhecidos e algumas cicatrizes que mostram que ela também é uma guerreira, apesar de usar as palavras como arma. Em um desses dias cheios de tristeza e escuridão, em que a Contadora olhava para fora de si e não via nenhuma cor além da cinza (ela por dentro também estava cinza), apareceu em sua frente, de forma inesperada, a cor vermelha (sua preferida) em forma de maçã do amor. Quem a trazia era um menino magro e pequeno, com não mais de dez anos. Enquanto a Contadora lutava contra as lágrimas que ela sempre detestou derrubar, o Menino Sem Nome apareceu. "_Moça, quer uma maçã do amor?" "_Não, obrigada." "_ A senhora tá triste moça? "_Não, não estou não." "_ Tá sim moça, dá pra perceber. Fica assim não moça, de noite tudo é ruim, mas amanhã é um dia novo e tudo passa

Um olhar para o futuro

"_ Mamãe, a tia falou que quando eu nem estava na sua barriga você já sonhava comigo" "_ Sonhava sim filha" "_ E sonhava o que mãe?" "_Sonhava que você era um bebê pequeno e risonho, muito risonho, com olhos e cabelos claros, nariz redondinho e boca cheinha, como a minha." "_ E eu era assim quando eu nasci mãe?" "_Era filha, era sim." "_ Mãe, como você sabia que era eu?" "_ Eu não sabia, você que me contou" "_ Mas eu não era um bebê mãe?" "_Era" " _ E como eu contei?" " _ Pelo olhar" "_ Mãe, os olhos não falam" " _Falam sim meu amor, os seus então, falavam milhares de coisas" " _ Falavam o que mãe?" " _ Que você estava esperando para ser minha filha e que esperaria o tempo que fosse preciso, mas vinha me visitar porque tinha saudades. Que alguns rapazes que eu gostei não iam ser seu pai, porque você não se parecia com nenhum deles. F

Silêncio

Pra não dizer que não falei de flores falarei de você. Você que me acorda com o sono da manhã e que povoa meus pensamentos em todas as horas do meu dia; você que ainda hoje, uma eternidade depois, faz meu coração palpitar e parecer pular do peito em misturas de sensações e perfumes que conheço melhor do que todos os aromas da infância; Vou falar de seu sorriso, assim, meio tímido, meio aberto, algumas vezes gargalhada que me faz sorrir só de ouvir... Vou falar do cheiro de banho recém tomado, da barba mal feita deixada para me agradar... Vou falar dos olhos verdes puxados, da cara de emburrado quando eu demoro a chegar... Vou falar das coisas tantas e tão poucas, das vezes em que fui e voltei, das vezes que não fiquei... Vou falar do sono atrasado, do meu dia estressado, da música que escutei... Eu, acostumada às palavras, criada em meio a elas, aversa à quietude, sou toda serenidade ao teu lado e quando começo a pensar no que dizer, perco o ritmo e a vontade, fico assim, sem falar, so

Para uma menina chamada Maria

Eu te desejo da vida o que há de melhor. Dos anos a experiência e a sabedoria, mas não as rugas ou cabelos brancos. Desejo-te dos dias o brilho do nascer do sol, sua luz e calor, mas não te esqueças, o mesmo sol que ilumina, queima. Portanto, desejo-te prudência.Desejo-te noites festivas, musicadas, encantadas; noites de lua cheia que clareiem tua estrada, porque, por mais belas que sejam tuas noites, algumas serão escuras e trevosas. Nessas horas, te desejo esperança.Eu te desejo lágrimas. De todos os tipos e origens.De alegria, para comemorar tuas vitórias, que espero, sejam muitas.De tristeza, para que aprendas a dar valor aos bons momentos e saibas entender as lágrimas alheias; lágrimas de arrependimento, para que com elas lave teu rosto e tua alma e aprenda com teus erros. Desejo-te sorrisos. Ah! Esses desejo-te aos milhares para que todos conheçam a alegria que habita em teu coração. Desejo-te crescimento, físico e espiritual. Que teu corpo seja o invólucro perfeito, a ferramenta

Aprendizado

Algumas coisas que uma Contadora de Histórias aprende pelo caminho: Todo jornalista tem um amigo biólogo (talvez as duas profissões se encaixem de alguma forma, o mistério continua indecifrável, porém a afirmativa é verdadeira). Pessoas essencialmente boas podem fazer coisas ruins e é preciso aceitar esse fato. Você pode se apaixonar muitas vezes, cada vez de uma forma diferente, cada vez por uma pessoa diferente, ou, diversas vezes pela mesma pessoa. Um bom amigo é o maior tesouro que se pode ter. Não importa se você for rico ou pobre, feio ou bonito, careca ou cabeludo, ele(ou ela) vai estar lá do mesmo jeito, em todas as horas, te amando, ajudando e respeitando. Nada vale mais do que a amizade. O coração humano é um mistério sem tamanho e possui a fantástica capacidade de se regenerar se tiver amor, fé e esperança. Algumas vezes apenas um desses sentimentos é capaz de, sozinho, dar conta do recado. Nada dói mais do que uma decepção. Nada causa tanta felicidade como a conquista de u

Um sonho

A Contadora de Histórias entrou em uma grande sala com estantes por todos os lados. Nelas livros de todas as cores e tamanhos ocupavam cada centímetro da biblioteca. Apesar de fazer muito tempo ela se lembrava do lugar, fora ali que folheara os primeiros livros, fora naquela sala com cheiro de papel e madeira que sua trajetória começara. Na verdade era o único lugar da velha escola do qual sentia saudades. Em um canto, sentada com as pernas cruzadas no chão como os índios faziam havia uma menina. Usava uniforme, uma blusa branca com bordas azuis e uma saia de pregas que parecia incomodar-lhe. Os cabelos eram grossos e cheios, um pouco despenteados, cor de chocolate. Era rechonchuda, a pele muito branca, mas as maçãs do rosto tinham um leve tom rosado. Os olhos atentos eram castanho-escuros com um brilho tímido ao fundo e emoldurados por óculos de aros transparentes. Iam e vinham de uma linha para outra, rápidos, devorando as palavras. Quando a contadora de histórias olhou atentamente r

A fada Sabrina

Era uma vez uma menina que acreditava em contos de fadas. Ela acreditava que todas as meninas eram princesas e que os príncipes eram homens valentes e destemidos, que salvavam as donzelas em perigo e assim os dois viveriam felizes para sempre. Em sua cabeça, ela era uma princesa, no entanto, foi batizada com nome de fada: Sabrina. O tempo passou e a menina cresceu. Vaidosa e delicada enfeitava-se com pedras brilhantes e cores da moda, os olhos castanhos sempre maquiados, os cabelos ruivos parecendo fogo brando emoldurando o rosto de aparência sempre jovem e com sardas, a princípio renegadas, mas que aumentavam sua beleza. Beijou alguns sapos na esperança de que eles se transformassem em lindos homens, mas, contrariando as histórias, na vida real sapos são sempre sapos. Um dia a princesa com nome de fada conheceu a contadora de histórias, jamais duas pessoas foram tão diferentes. A contadora de histórias já havia conhecido algumas princesas e ela não se parecia com uma. Lembrava mais um