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Do fundo do Baú Parte 1


Remexendo em papéis empoeirados e um pouco esquecidos, encontrei um dos muitos textos escritos há alguns anos, por uma Contadora de Histórias iniciante. Mas, na verdade, todos os contadores de histórias não estão sempre começando? Ou, recomeçando?


Acreditar

Não acredito em amores passageiros, amores contidos, amores limitados. O amor, quando é amor, é eterno mesmo que se acabe, não conhece limites, tão pouco contenções. Transborda, inunda, incendeia.

Não acredito em amores superficiais, amores racionais, amores convenientes. O amor é profundo, cria raízes, penetra, transforma, constrói.
Acredito em amores luminosos, revolucionários, predestinados. Acredito em amores apaixonados, de paixões avassaladoras, calmaria depois de tempestade, oásis em um deserto.

Acredito em amores livres, leves, felizes, amores que deixam marcas, não cicatrizes. Acredito em amores fortes, que protegem, acompanham, compreendem.

Acredito na capacidade do amor em modificar, em se estender, em simplificar. Acredito em amores que libertam, dão vida, curam feridas. O amor que torna tudo melhor, engrandece, supera obstáculos, deixa saudades, cria lembranças.

O amor existe além dos olhos, invade os sentidos, cria outros tantos; reinventa histórias, volta no tempo, supera distâncias, vence preconceitos, diferenças, amarguras.

O amor se divide em vários, busca razões para existir, não conhece parâmetros, não se preocupa com o amanhã.

Ser capaz de amar, verdadeiramente, requer coragem, humildade, paciência, compreensão.

Ter amado e perdido não é vergonha, derrota, fracasso. É vida, experiência, recordação. Amar sem ser amado não é tristeza, dor, desespero. É esperança, renúncia, doação.

Não existem amores iguais. Todos são originais, únicos, inigualáveios. O amor pode ter vários alvos: um sonho, um ideal, uma pessoa. Todos são válidos, impulsionam, entusiasmam.

Todos os amores ensinam, amadurecem, aperfeiçoam. Não trazem apenas paixão, trazem consciência, sabedoria, humanidade.

Modificam o caráter, a sanidade, os valores. Derrubam vaidades, destróem maldades, geram novos seres.

O amor não julga, condena ou recrimina. Salva, entende, perdoa.
Amar é encontrar-se com as verdades, com a realidade, com a vida.

Amar é crer realmente na possibiliade de fazer melhor, de tornar um momento eterno, de mudar a si mesmo e ao mundo.
O amor nasce de repente, floresce devagar, espalha sementes, dá frutos.

Ele é o que define quem somos, o que fazemos, o que seremos. O amor não é apenas um sentimento; é a personificação de um milagre, a essência da criação, o que nos afasta da Terra e nos aproxima do Céu.

É a imagem maior de onde podemos chegar, o maior dom a nós concedido. É o que nos trouxe até aqui e o que nos conduz para a eternidade.

Comentários

Unknown disse…
''Acredito em amores livres, leves, felizes, amores que deixam marcas, não cicatrizes'' .... frase boa, simples e verdadeira !!! =D

ass: Claudio F.G. (optativa de jornalismo 2010)
Unknown disse…
Um termo tão difícil de descrever, definir, e até pensar. O amor, um sustantivo que se desdobra em um verbo e que alcança o adjetivo com rapidez. Na verdade, a nossa busca continua incessante pelo indecifrável. A coragem da autora em lançar perspectivas do termo é louvável e pontual. Em meio a tanta violência, velocidade tecnológica, informação... o "amor" não tem encontrado oportunidade para nascer, brotar, viver!

Mozarth Dias

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