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Silêncio

Pra não dizer que não falei de flores falarei de você.
Você que me acorda com o sono da manhã e que povoa meus pensamentos em todas as horas do meu dia; você que ainda hoje, uma eternidade depois, faz meu coração palpitar e parecer pular do peito em misturas de sensações e perfumes que conheço melhor do que todos os aromas da infância;
Vou falar de seu sorriso, assim, meio tímido, meio aberto, algumas vezes gargalhada que me faz sorrir só de ouvir...
Vou falar do cheiro de banho recém tomado, da barba mal feita deixada para me agradar...
Vou falar dos olhos verdes puxados, da cara de emburrado quando eu demoro a chegar...
Vou falar das coisas tantas e tão poucas, das vezes em que fui e voltei, das vezes que não fiquei...
Vou falar do sono atrasado, do meu dia estressado, da música que escutei...
Eu, acostumada às palavras, criada em meio a elas, aversa à quietude, sou toda serenidade ao teu lado e quando começo a pensar no que dizer, perco o ritmo e a vontade, fico assim, sem falar, sou silêncio, por pouco tempo é verdade, mas só quero matar a saudade antes dela me matar.

Comentários

Unknown disse…
Que texto bonito Paula Elizabete!

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