Uma era feita de neve, a pele branca, quase translúcida. Os olhos claros, azuis como o céu sem nuvens, escondidos atrás da armação do óculos de aros transparentes, os cabelos lisos e castanhos caíam pelos ombros sem dificuldade. Era magra e um pouco mais alta do que a maioria das de sua idade. Era quieta. Tão quieta que sua respiração, quando ouvida, chamava a atenção por ser um dos únicos sons que ela costumeiramente emitia. Sua voz era baixa e tímida, voz que a boca rosada e os lábios finos emolduravam. Quando estava sozinha pensava em coisas doces. Fazia doces. Mas quando se irritava (isso seria descoberto mais tarde), sua calma se transformava em um frenesi de palavras desconexas, difíceis de entender. Quase insanas. A pele alva ficava vermelha e os olhos claros se mexiam com rapidez, parecendo que sairiam das órbitas. Tinha cheiro de casa, simplicidade e aconchego.Era a primeira. A outra era feita da tarde, aquela hora em que o céu começa a escurecer, a cor do jambo quando está ma...